terça-feira, 5 de abril de 2016

Temos a autonomia de ser o que somos?

Costumava passar por uma rua onde havia imensos cães. Todos os dias passava por lá, e todos os dias ouvia um enorme ruído provocado pela agitação dos mesmos. Ladravam desesperados por atenção, alguns deles pareciam até bastante agressivos. Percebe-se então o porquê de todos eles estarem isolados e acorrentados... Será?
Terão estes cães nascido assim? 
Tendemos a referir-nos ao animais como espécies ignorantes e sem consciência alguma. O que não é verdade de todo. O cão, é um animal carente, energético e brincalhão, que não se satisfaz apenas com as necessidades básicas.
À semelhança das crianças, os cães também precisam de educação e atenção. Ninguém nasce com a autonomia de ser como é. O homem é definido pelo seu percurso de vida, tudo o que o rodeia, influencia a sua consciência. E é o que acontece também com o cão.
Portanto, a resposta é não, estes cães não nasceram assim. A culpa de estarem condenados e desesperados ao ponto de serem agressivos, é  somente de quem os criou. A atenção a qual os donos se calhar não estiveram dispostos a dar reflectiu-se no que aqueles animais são hoje em dia.

O Futebol une ou separa pessoas?


Sempre que acendo a televisão para ver o telejornal há sempre uma noticia sobre futebol. Divulgam jogos e campeonatos, e depois destes, falam da violência gerada entre os adeptos dos vários clubes.

Mas porque é que na nossa sociedade o futebol tem assim tanta importância?

O futebol começou por ser apenas um simples jogo para passar o tempo, utilizado como diversão. Hoje em dia é levado tão as sério que causa mortes e destruição, não causado propriamente pelos jogadores, mas sim pelos seus adeptos.

Quando lutam por um clube, parece que estão a lutar pela própria vida.
O seu clube é ‘o maior’ e ai de quem disser o contrário, não aceitam se quer pessoas de outros clubes perto, esses são o seu pior inimigo.

O que dizem é que ”eles gostam mesmo do clube, dos jogadores” e depois assiste-se a um jogo, e a única coisa que se vê é adeptos a insultarem e a fazerem comentários agressivos aos jogadores no campo. E não falo da equipa adversária, falo da equipa que eles “defendem”, aquela que eles têm um amor enorme.
 Será que têm?

Ao analisarmos seriamente estes adeptos, vemos  que estes são agressivos com basicamente tudo e todos que estejam neste mundo do futebol. Agridem (verbalmente e fisicamente) os adversários, os próprios jogadores. Aqui não vejo nada de “amor ao futebol”, diria mais “terror ao futebol”.

Sempre que os adeptos saem à rua é preciso polícias de intervenção presentes. Parecem animais selvagens à solta que precisam que alguém os controle porque eles não têm a noção do certo e o errado.

Portanto porque é que os media fazem tanta publicidade a uma coisa que causa tanta violência na sociedade? Porque é que a sociedade o continua a transmitir aos seus filhos?
Continuam a motivar mais as pessoas a viverem neste mundo que as torna desumanas, que agridem tudo e todos, os que mais odeiam e os que mais amam.
Não é mundo para adultos viverem e muito menos crianças, estas que já no infantário discutem quem é o melhor, e acabam por formar grupinhos.
O futebol une ou separa pessoas? Sou da opinião que separa.

É mais fácil julgar do que aceitar?


Todos os dias assisto a situações de descriminação entre as pessoas por coisas mínimas.
Só porque ouvem outro tipo de música, programas de televisão diferentes, um clube de futebol diferente  ou têm outro tipo de atividades diferente são automaticamente julgadas. Julgadas pelo que gostam, pelo que são, e por assim serem felizes.

Porque é que as pessoas haveriam de ser todas iguais?  Porque é que a diferença incomoda muita gente?

São perguntas que provavelmente quem julga nunca as pensou realmente. Julga só porque sim, porque é o que vê o resto da sociedade a fazer. Não se dão conta que funcionam como os rebanhos, por onde um vai os outros vão todos atrás, parece que não têm pensamento próprio.

Está errado, o ser humano tem muito mais capacidades que isso, se a ciência avança tão  rápido, porque é que a mentalidade continua presa no século passado?

As pessoas deviam se concentrar na sua própria vida, no seu ser, em vez de se concentrarem na dos outros. Tentam arranjar defeitos em tudo o que não é seu, e assim se forma esta discriminação pelo que não é igual, o ideal das pessoas é ser igual a elas mesmas, para elas, elas são sempre o ser perfeito.

Mas falo do “rebanho”, mas quem está fora dele acaba por pensar da mesma forma: a diferença é o que está correto, e quem é igual aos outros é o ser inferior. E vivemos neste ciclo  de julgamentos onde os iguais julgam os outros por serem diferentes, e os diferentes julgam os outros por serem iguais.

Ambos agem da mesma forma errada, se deixassem os julgamentos de parte e estivessem  mais abertos para conhecer o que os outros são em vez de criar logo aquela barreira de interesses, talvez não houvesse tantas guerras, pessoas a sentirem se de parte e até mesmo suicídios. Seriamos todos mais felizes.
 Todos queremos ser aceites pelo que somos, então porque não aceitamos os outros?